Fazer o que gosta ou gostar do que faz?

O que você acha que te tornará um profissional mais realizado: fazer o que gosta ou gostar do que faz? A pergunta pode até parecer redundante, mas, neste caso, a ordem dos fatores altera o produto. Estamos nos referindo a duas questões: começar a carreira fazendo apenas aquilo que te dá prazer ou aproveitar as oportunidades para experimentar algo diferente da sua zona de conforto.

Antonio Marmo Trevisan, presidente Trevisan Escola de Negócios e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, abordou o assunto durante uma entrevista que concedeu ao jornal O Estado de S. Paulo. Suas palavras, se não bem interpretadas, podem soar polêmicas. “Na vida profissional, você tem de fazer o que tem de fazer, e não o que gosta. Isso é uma bobagem. É para amadores, que procuram fazer as coisas que gostam (…) você tem que gostar de fazer o que tem de fazer e aí se dedicar”, afirmou. A declaração até parece ir de encontro com tudo o que se diz sobre realização profissional hoje em dia, mas preste bastante atenção que você irá perceber que Trevisan não está tão errado assim.

Procuramos Cassio Mattos, presidente do conselho deliberativo da ABRH Nacional, para saber o que ele achou da afirmação do empresário. “Gostei da coragem de fazer esta colocação, pois pode ser muito verdadeira para alguns e inadmissível para outros. Existem pessoas que sabem o que desejam desde muito cedo, outros pensam que sabem. Para quem sabe não se aplica, mas para quem pensa que sabe pode ser bem útil”, ressaltou o presidente.

Por que a frase de Trevisan não estava errada? Bem, ele não está falando para ninguém ir trabalhar por obrigação ou contra a vontade, muito menos fazer algo que não gosta. “Ele diz que antes de escolher, experimente, tente, prove, pratique e quem sabe você se encontre em algo que não estava previsto”, explica Mattos. Se você ainda não tem certeza do rumo que deseja para a sua carreira, aproveite as oportunidades e quem sabe você se descobrirá um ótimo profissional em algo inusitado.

Trabalhos que não fazem parte da sua lista de habilidades e que não são exatamente o emprego dos sonhos para você não devem ser descartados imediatamente. Ao menos, você terá uma chance de aprender algo novo. Segundo Cassio, conhecer outras atividades pode te tornar um chefe mais completo, por exemplo. “Você amplia o conhecimento e melhora as suas competências. Depois de um tempo, faça outras atividades mais motivadoras e nas quais você renda melhor. Caso venha a liderar a equipe, vai conhecer o todo”, explica.

Porém, se estivermos falando de trabalhos que você realmente não gosta, caia fora. Não adianta insistir, pois, além de não se sentir motivado, ainda será pouco produtivo e não te fará muito feliz. Vale tanto para o começo da carreira quanto para aquela promoção que, apesar do melhor salário, te coloca em um cargo que não te agrada. “Pode ser muito válido agradecer e não seguir adiante e quem sabe aguardar alguma oportunidade mais próxima do seu perfil. Não vale a pena escolher e sofrer”, finaliza Mattos.